#navbar {visibility:hidden;} O projeto NEKKO: Capitulo 13 - Kokiu - "um jeito distinto de fazer"

Capitulo 13 - Kokiu - "um jeito distinto de fazer"


Se diz que uma pessoa tem Kokiu quando ao fazer alguma coisa, seu jeito mostra a perfeição que somente se alcança com a conjunção de vários elementos como a experiência, a economia de movimentos e por sobre tudo, a perfeita unificação entre o executor e a atividade.

No linguagem comum se conhece como “manha”, ou um jeito de fazer com qualidade e facilidade.

Quando um artista marcial faz uma técnica, durante anos mantém uma separação entre ele mesmo e a técnica executada.

Com o tempo, o treinamento e o compromisso, a técnica começa “ser incorporada” isto normalmente se interpreta como uma simples automatização da resposta para uma ação, mas na realidade, é muito mais que isso, já que o logrado é que os princípios básicos que governam o movimento e a realização correta da técnica aparecem como resposta normal na vida diária, de aí que a execução de uma técnica passe ser algo tão simples assim como caminhar, mas cuidado, até aqui somente falamos da automatização e neste estagio é que inicia o caminho.

Ao poder realizar as coisas de forma automática, nossa mente fica livre de ocupações mecânicas e ante ela se abrem dois caminhos, podemos deixar-la vagar por onde ela quer, e assim nunca superaremos a etapa do automatismo ou podemos concentrar-nos absolutamente na ação que realizarmos.

Nesta segunda opção, uma vez que logramos a automatização, podemos por primeira vez, concentrar-nos na ação (pintar, conduzir, realizar uma técnica marcial) e não mais na forma de nos mover, se esta nova liberdade é bem aproveitada,se abrirá um novo caminho.

Como exemplo, um musico que tenta tocar uma peça pela primeira vez, para poder ler a música e compreender ritmos e harmonias deverá ter praticado e estudado muito tempo com alguém que conheça o linguagem de comunicação (o mestre), logo entrara na la etapa de poder traduzir para sons de seu instrumento lo que ele leu na partitura, junto com o mestre que apontará detalhes até lograr uma técnica aceitável.

De aqui, inicia uma nova etapa onde o musico, interpretará, uma e outra vez, a peça, mais atento aos detalhes técnicos que ao som que cria.

Um dia, confere que já decorou a peça e que todos os detalhes técnicos com os que brigou, tem sido incorporados naturalmente a sua forma de executar a melodia (a técnica) com seu instrumento (seu mente-corpo).

Nesse ponto, mudará o jeito da sua evolução, o musico, pode agora, se concentrar em escutar sua própria musica e através do sua avaliação artística, modificar sua técnica, não baseado na forma primeira (técnica básica) de executar, senão em seu sentimento para o som gerado (kihon),e quando falamos de sentimento, falamos do impacto sobre seu corpo e sua mente criado pela interpretação.

O objetivo final não tem que ser a automatização (faixa preta nas Artes Marciais), senão, o desenvolvimento continuo através do sentimento e a expressão artística que somente se pode iniciar a experimentar, após de ter conseguido a automatização.

Quando observamos um Artista Marcial experiente, fazer suas técnicas, enxergamos, independentemente de seu estilo, certas características que fazem justiça para sua condição de mestre:

1) Seus movimentos passam a sensação de ser perfeitos, econômicos, efetivos e belos.

2) A forma de se mexer parece simples, fácil e por sobre tudo, a única possível.

3) Se mente está absolutamente unida com seu corpo.

4) Seu mente-corpo estão absolutamente unidos ao movimento.

5) Seu movimento está absolutamente unido ao movimento do atacante.

6) Sua atenção não está fixada em nenhum lugar, mas está disponível, para detectar qualquer mudança nas redondezas e responder corretamente.

7) Ao observar-lo, sentimos que o Arte que ele pratica, está absolutamente “tingido” pela sua personalidade.

Como pode se ver, toda esta explicação é absolutamente lógica, mas exige muitas palavras e um esforço intelectual importante para acompanhar-la, isto ocorre por que nem a lógica nem o intelecto são ferramentas adequadas para descrever um Arte.